Animais Hematófagos

sábado, 21 de novembro de 2009

 



O hematófago, ou vampiro, é o principal transmissor da doença ao gado e controle não é eficiente devido à dificuldade de captura do animal


Vampiros não são lenda. Eles existem no Brasil e causam muitos problemas aos pecuaristas. De acordo com o Programa Nacional de Controle da Raiva dos Herbívoros, do Ministério da Agricultura, no ano passado foram registrados no país 2.815 casos de raiva provocados por morcegos hematófagos, que se alimentam de sangue. Do total de animais infectados, mais de 90% eram bovinos. A taxa de mortalidade dos animais raivosos é próxima de 100%. O perigo não ronda apenas os rebanhos. A raiva é uma zoonose, isto é, uma doença animal transmissível ao homem.

Principal transmissora da doença, a espécie Desmodus rotundus é facilmente encontrada em cavernas, ocos de árvores, minas e casas abandonadas. Possui 18 dentes e apenas um par de incisivos superiores. Esta marca registrada confere um ar lúgubre ao animal, e o diferencia dos demais morcegos. Alimenta-se basicamente do sangue de mamíferos, mas também ataca aves, como galinhas. Os animais vivem em bandos e podem formar colônias com até 300 indivíduos.

Todos os morcegos podem carregar o vírus da raiva, mas para que ocorra a transmissão é necessário o contato da saliva com o sangue. Por isso os vampiros, que mordem os animais, são os melhores transmissores. As outras duas espécies hematófagas são mais raras e atacam apenas aves. Dificilmente um animal agredido pela espécie Diphylla ecaudata morre. Os morcegos da outra espécie, a Diaemus young, têm sido incorretamente eliminados por serem muito parecidos com os primos D. rotundus.

VAMPIRICIDA Um dos grandes problemas no controle da raiva está na captura dos hematófagos para aplicação da pasta vampiricida, um veneno à base de anticoagulante que é levado para dentro dos abrigos pelos animais capturados. O ideal é que a coleta seja feita durante a noite e com redes armadas próximas à saída do esconderijo, mas nunca dentro. A captura durante o dia e dentro do abrigo é perigosa e quase sempre resulta na subdivisão da colônia. Outro fato que pesquisadores vêm constatando é que o uso da pasta não está eliminando os machos. Verificou-se que o comportamento de lamberem-se mutuamente ocorre entre fêmeas de um mesmo grupo e destas com seus filhotes. Como os machos adultos não participam desta 'higiene social' e se mantêm a certa distância das fêmeas, não são atingidos. Os machos são mais importantes para a transmissão do que as fêmeas. A raiva tem vacina, e recomenda-se a aplicação no gado um vez

por ano. Cada dose custa entre 30 e 40 centavos. O D. rotundus também tem sido encontrado em áreas urbanas de grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Há relatos de ataques a humanos. Neste caso, deve-se procurar atendimento médico imediato. O Instituto Pasteur, de São Paulo, recomenda tratamento anti-rábico. Mas o fato de uma pessoa ser mordida não significa que irá pegar raiva. Para que isso aconteça o morcego precisa estar contaminado com o vírus. Apesar dos prejuízos que causam, os hematófagos cumprem importante papel para o equilíbrio ecológico, assim como outras espécies de morcegos

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